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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Antes de voar: aprender o que é voar - Parte I


Eu precisava voar de parapente para ver se era isso mesmo que eu queria. Lá em cima as coisas poderiam ser diferentes de meu sonho de voar.

Resolvi encontrar um instrutor ou escola que pudesse oferecer voos duplos. Procurando na internet, encontrei a escola Prodelta do instrutor "Chagas" que fica na região de Santana do Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus (SP) - http://www.prodelta.com.br/

Pela proximidade de minha residência, fui até lá conferir. Era um feriado paulista, 09 de julho de 2008.

Passei no local onde são ministradas as aulas práticas, onde os alunos e pilotos podem manipular o parapente através de comandos com a mão e com o corpo. Também podem realizar pequenos voos do morrinho. É como aqueles pássaros filhotes que começam a bater as asas pela primeira vez ou fazem aqueles pequenos voos bem próximos do solo.

Atenciosamente o Chagas me atendeu, deu-me algumas explicações e ofereceu para que eu realizasse uma primeira aula demonstrativa. Declinei o convite porque achei que com aquele vento eu seria arrastado ou sairia voando sem controle. Mas o contato visual inicial com o parapente, mais de perto foi ótimo.

Ainda atencioso o instrutor Chagas convidou-nos a ir para a rampa do Morro do Capuava, em Pirapora do Bom Jesus, para realizar um voo duplo. A rampa fica próximo dali.

Chegando na rampa, deparei com um show de cores dos parapentes, ali todos espalhados no chão ou amontoados sobre si mesmos. Alguns pilotos já estavam em pleno voo, aproveitando a ascendente do ar que passa pela montanha e é conhecido como "lift", ou voo no lift.

Após algum tempo, chegou o instrutor Chagas e seus alunos. Em seguida, eu me preparei para voar. Capacete e selete. Instruções que eu mal conseguia ouvir tamanha era a minha expectativa.

A grande hora chegara. Decolei, ou melhor decolaram-me. O piloto, um excelente piloto de acrobacias, conhecido como Sina, foi quem conduziu o "duplo" (nome dado ao parapente que permite levar mais de uma pessoa - normalmente são duas pessoas, mas há casos de três pessoas).

Flutuei, pairei, voei e senti a sensação de descolar-me do planeta Terra. Foi idílico momento que eu vivi. Eu mal acreditava que eu estava ali, pendurado por linhas e um pano de algum tecido derivado do petróleo. Eu voava! Após a minha explicação sobre a minha intenção de tornar-me piloto de parapente, Sina me recomendou a pilotar o duplão que estava sobre as nossas cabeças. Ele me deu uma breve explicação sobre como controlar os batoques (os comandos de uma parapente) e tomei o controle por alguns minutos. Fiz algumas curvas suaves e outras mais rápidas. Foi uma sensação que misturava alegria e medo. Medo de fazer alguma coisa errada e causar algum incidente. Somente tempo depois que aprendi que não deveria ter tido aquele medo.

Rodamos térmicas na cara da rampa e subimos bastante. Foi um voo de 30 minutos onde se perde a noção de tempo e espaço. Lá de cima, as coisas ocorrem em outra "dimensão", vemos tudo lá embaixo com outro ponto de vista.

E, o pouso veio de modo obrigatório. A máxima tudo que sobe desce, vale no parapente. Esta máquina de voar é projetada para descer, esta é a verdade. Os pilotos são os que tem competência em adiar esta descida.

O pouso foi bem tranquilo e a sensação de estar com os pés no chão é ótima, mas a sensação de que o maravilhoso mundo aéreo eu não mais pertencia me deixou com a vontade de querer aquilo de novo, de novo e de novo!

Estava bem convencido que o passo seguinte era iniciar o tratamento de adquirir asas, isto é, tornar-me piloto de parapente!

Fui para casa flutuando na adrenalina que ainda estava nas minhas células. Foi uma ótima, divertida e inesquecível experiência. Tudo isso ocorreu em 09 de julho de 2008...
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